Quando,no ano de 1974,exatamente o dia 14 de Dezembro, chegamos ao hotel depois do casamento ter terminado,cumprimentos,abraço etc. e tal,pensei,finalmente sós.
Sós para sermos felizes como sempre sonhei em ser feliz com meu amado.Claro já era Feliz,pois estava com quem escolhi estar e isso não é fácil todos sabemos. Pensava ,encontrei minha alma gêmea,minha outra metade.
Comecei assim minha vida de casada.Passei a ser uma jovem senhora.
Sempre amei ser essa senhora , jovem na época e depois menos jovem,mas sempre vivendo meu papel ou que eu achava ser,muito bem e feliz
Foi assim que tivemos nossas três filhas e as criamos com muito amor,dificuldades as vezes,facilidades outras tantas, umas palmadas de vez enquanto , muito abraço outro tanto de vezes e vamos por ai afora que a vida não para.
Os anos passam. Os filhos crescem, vão para a faculdade,namoram,casam e vão embora,mais ou menos nessa ordem.
E ficamos sós,nos dois novamente.É bom ou ruim? É apenas o natural das coisas.
Um dia a jovem senhora deixa ser jovem e passa a se senhora.Depois velha senhora.
Se a velha senhora não tem nada dos achaques da idade tudo bem.
Mas...tem uma coisa que não me disseram quando eu era jovem e nem quando comecei a ser não tão jovem. É que quando estamos envelhecendo,nossos órgãos conversam conosco pela manhã principalmente.Nossos membros .
E quando eles conversam ou querem conversar conosco saibam que eles não tem nada bom pra no dizer.
Descobri isso lendo o livro UM TOQUE NA ESTRELA, de Benoîce Groult.uma autora que não conhecia mas adorei seu livro que ganhei de uma amiga. Muito interessante e gostoso o livro fala da relação entre o real e o imaginário.
Ali,nas páginas imaginativas que vi pela primeira vez a frase sobre nossos órgãos nos falarem pela manha.
Primeiro as pernas ,ainda na cama: ei devagar que você acorda primeiro que nós.Precisamos de tempo para nos acostumarmos com esse peso enorme que é você. E assim os outros vão juntos nessa cantilena de reclamações.
E foi ouvindo esses senhores meus membros e órgãos que descobri que agora sou a velha senhora.Aos 59 anos e portadora de Parkinson acho que até sou uma velha senhora bem ovem ainda. Não e´mesmo?
Creio que sou uma velha jovem senhora. He he he
Mas isso é assunto para outra postagem.