terça-feira, 27 de novembro de 2012

E o ano esta acabando

 

 

Estamos em novembro já?E já está acabando. Nossa! como passou rápido!

De repente chega dezembro e percebemos que passou o ano e não realizamos nada do que prometemos no final do ano anterior.

Não tenho pretensão de realizar nada muito superior a minha capacidade mas quero fazer alguma coisa diferente de  trabalhar e sonhar.

Sou uma eterna sonhadora.mas não  vivo de sonho. O único que me domina com muita força é justamente o sonho da cura  do Parkinson,Esse creio ser o mesmo de toda PCP ( pessoa com Parkinson ).

Até agora ainda não tive notícia de nenhuma pessoa curada mas sempre haverá   uma primeira e mesmo não sendo eu , já será um caminho aberto ...

Quimera? Talvez sim, mas quem não tem uma bem no fundo da mente?

Todos temos projetos e ambições,umas pequenas outras maiores ,mas que nos impulsionam , nos fazem seguir adiante.

É muito difícil abrir mão de um projeto, de um sonho.

Situação extremamente frustrante fazer um projeto maravilhoso , cercado de sonhos ,nossos sonhos para o tal e temos que desistir por isso ou por aquilo.

O maior problema surge quando desistem do plano por nós.E quem faz isso?Justamente as pessoas  que mais amamos.

Fazem com a melhor das intenções (imagine se elas soubessem que o inferno está cheio de boas intenções

)Sonhei tantos sonhos,desejei fazer muita coisa mas no balanço da vida está tudo muito bem,ganhei,não a guerra mas varias batalhas.

Ainda sonharei sonhos dourados e navegarei nas asas da imaginação e como criança,pois sonhar nos leva ao mundo da criança  novamente. E como é bom!

Hoje ,se tivesse que pedir  alguma coisa ao Papai Noel que já vem por ai, sabe que não mais pediria a cura do Parkinson como venho pedindo?

Hoje pediria uma vida normal, sem enrijecimento, sem tremor e sem temor.Isso já me satisfaria .

Será que meu texto ficou amargo?

Espero que não,essa não era a intenção

Viver com Parkinson sem deixar  de fazer as coisas prazerosas que  a vida oferece ou nós criamos.

Ele pode ficar ai quietinho. Prometo guardar guloseimas mil pra você,Mãe.

Isso eu pediria.

domingo, 25 de novembro de 2012

Eu sei mas não devia

Poema de Marina Colasanti

 

 

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos
e a não ter outra vista que não seja as janelas ao redor.
E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E porque não abre as cortinas logo se acostuma acender mais cedo a luz.
E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado.
A ler jornal no ônibus porque não pode perder tempo da viagem.
A comer sanduíche porque não dá pra almoçar.
A sair do trabalho porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra.
E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja número para os mortos.
E aceitando os números aceita não acreditar nas negociações de paz,
aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir.
A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta.
A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita.
A lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.
E a ganhar menos do que precisa.
E a fazer filas para pagar.
E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagará mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e a ver cartazes.
A abrir as revistas e a ver anúncios.
A ligar a televisão e a ver comerciais.
A ir ao cinema e engolir publicidade.
A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição.
As salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.
A luz artificial de ligeiro tremor.
Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às bactérias da água potável.
A contaminação da água do mar.
A lenta morte dos rios.
Se acostuma a não ouvir o passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães,
a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer.
Em doses pequenas, tentando não perceber, vai se afastando uma dor aqui,
um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se o cinema está cheio a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se a praia está contaminada a gente só molha os pés e sua no resto do corpo.
Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo
e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se
da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se gasta e, que gasta,
de tanto acostumar, se perde de si mesma.

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